Oswald de Andrade
Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.
Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, de Mário de Andrade,
ambos os autores atuaram como "dínamos" na introdução e experimentação
do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.
Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho,
Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega
modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse
aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram
para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.
Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922.
Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural
brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência
política do país colonizador Portugal,
e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que
era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus
modos de expressão próprios. No fundo, procurava-se aquilo que o
filósofo alemão Herder, no final do século XVIII, já havia definido como alma nacional (volksgeist).
Esta necessidade de definição do espírito de um povo era
contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par
com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo. Na sua busca por um caráter nacional (ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em Macunaíma), Oswald, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte, Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de ideias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo (por exemplo Olavo Bilac). Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.
Documentário sobre Oswald de Andrade
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do Futurismo e do Cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa
industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e
expressões de outros povos. Oswald percebeu-se que o Brasil e toda a sua
multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.